quarta-feira, 30 de julho de 2014

HIERARQUIA E CARGOS

HIERARQUIA e CARGOS
Por: Pai Wellington de Oxalá.

A Hierarquia de um terreiro de Umbanda é subdividida em dois comandos distintos:
*CÚPULA ESPIRITUAL
*CÚPULA MATERIAL

CÚPULA ESPIRITUAL: A Cúpula espiritual é formada por três Entidades congêneres, semelhantes ou afins quanto a missão na terra. Existe entre eles uma hierarquia singular, de acordo com o médium e o terreiro, formando um triangulo equilátero perfeito, sendo que a Entidade do vértice superior do triangulo é o ORIENTADOR, que será substituído, em caso de necessidade, primeiro pela Entidade do ângulo direito da base do triangulo e depois, na sua falta, pela Entidade do ângulo esquerdo da base.
As demais Entidades incorporadas, assim como todos os participantes do terreiro, acatam e fazem cumprir as ordens emanadas da cúpula espiritual.
CÚPULA MATERIAL: É comandada pelo Babalorixá e todos os seus liderados, formando assim uma administração cheia de paz e harmonia. A cúpula material envolve todo o Corpo Físico do Terreiro. Mas para que haja verdadeira harmonia, é necessário que cada um faça a sua parte com amor e dedicação.
Dentro dos terreiros de Umbanda existe Organização e Disciplina, além de todo um sistema que objetiva manter esta organização, alguns terreiros, dependendo do tamanho dividem-se em parte ADMINISTRATIVA  ESPIRITUAL.
Estaremos falando  agora a respeito dos cargos dentro da hierarquia espiritual mais comumente encontrados nos Terreiros de Umbanda:
Babalorixá ou Ialorixá ( Tambem chamados de Sacerdote, Pai de Santo ou Zelador):

É o dirigente do terreiro (Babalorixá se for homem e Ialorixá se for mulher).
Esta figura é a responsável espiritual por tudo que acontecer dentro da gira (antes, durante e depois). Algumas pessoas falam pai de santo e mãe de santo, consideramos essa maneira incorreta, pois é na Lei do Santo que eles são Pai e Mãe.
Eles têm a função de cuidar e zelar da vida espiritual dos médiuns do terreiro, orientar e dirigir os trabalhos abertos e fechados a público. São os responsáveis por fazer cumprir as diretrizes estabelecidas pelo Astral, para o Terreiro.
SENHOR DA CASA OU SENHORA DA CASA:
Esta pessoa é de suma importância para o terreiro. Tendo em vista que ela é o marido ou esposa do Babalorixá ou Ialorixá. Muitas autoridades no santo, devido a costumes arcaicos, não denomina o  senhor ou senhora da casa como uma autoridade. Mas é um grande engano. Ela é, juntamente com o Babalorixá ou Ialorixá o Esteio e o pilar da organização de um terreiro. Deve ser dado a essa figura, o mesmo tratamento e respeito que é  dado ao Dirigente Espiritual. Pois ela forma um só Elo, uma só Alma, um só Círculo espiritual perante Oxalá. Tendo, assim a mesma autoridade de administrar ou tomar decisões, quando esta for de ordem material. Pois a ordem espiritual, compete somente ao babalorixá, ou a alguém que ele assim ordenar.
PRESIDENTE DO TEMPLO OU SECRETÁRIO GERAL:
Essa pessoa tem a sua importância de administrar, juntamente com o babalorixá e a senhora da casa toda a parte burocrática do Terreiro. Ela participa de todas as decisões e realizações do templo. Trazendo, assim, bons fluidos e desenvolvimento para o mesmo. A presidente anota, elabora  documentos. E todos  os eventos, festas, cerimonias etc... ela quem direciona e administra, juntamente com o pai pequeno e mãe pequena da casa.
É importante dizer que essas tarefas não cabe também somente àqueles que tem cargos de hierarquia. Todos tem por obrigação, zelar e cuidar de seu terreiro. Os cargos de hierarquia é somente para ter mais organização e mobilização dentro da Instituição.
Pai Pequeno e Mãe Pequena:
São os futuros Babalorixá e Ialorixá. Apesar de em alguns casos haver pai pequeno ou mãe pequena que já foram confirmados. São a segunda pessoa dentro de um Terreiro de Umbanda, no que diz respeito a formação espiritual. Têm como função auxiliar o Babalorixá e a Ialorixá em todos os trabalhos. Essas pessoas precisam obter o máximo de humildade e compreensão para com os irmãos de fé. Pois o cargo não aumenta ninguém. Pelo contrário, ele faz com que o agraciado reflita, e busque o máximo possível estar bem espiritualmente, para dar bons exemplos para os outros. Outras funções específicas variam de terreiro para terreiro. :
CHEFES DE GÍRA OU CORRENTE: Em algumas casas de Umbanda, esse cargo não é reconhecido. Muitos babalorixás preferem deixar por conta do pai pequeno ou mãe pequena. Mas em nosso Templo , é de suma importância a função dessa figura. É ela quem dá mobilidade a gira, trazendo alegria e cânticos a corrente. Um chefe de gira deve estar todo o trabalho bem concentrado e ao mesmo tempo alegre. Ele é uma peça fundamental pela energia positiva ou negativa do ritual. Ele precisa preparar seus irmãos para cantar, desenvolver a roda de gira. Tanto os chefes de corrente quanto os pais pequenos tem  responsabilidades delicadas e sérias no momento da gira.
Médiuns de Trabalho: São os médiuns que dão consulta, as suas entidades já estão bem desenvolvidas. Alguns chamam de Médiuns prontos, outros de Médiuns batizados outros de Médiuns feitos. Essa nomenclatura também varia de acordo com a orientação do Babalorixá ou Ialorixá, da raiz da Casa ou ainda de estado para estado.

Médiuns em Desenvolvimento:
São médiuns que como o nome já diz, estão em desenvolvimento. Dependendo do terreiro eles podem dar passes, já incorporam uma ou outra linha, mas ainda não dão consultas. Estão sendo preparados para tornarem-se médiuns de trabalho.

Médiuns Iniciantes:
Também como o nome diz, são médiuns que ingressaram a pouco tempo no terreiro e ainda não incorporam. Cambono .São os responsáveis por atender as entidades, no que diz respeito a acender charutos, velas, cachimbos, esclarecer a assistência o que a entidade está querendo dizer, coordenar a entrada da assistência para consulta ou passes.

 OGÃ OU ABATAZEIRO:
É a pessoa que bate (toca) o tambor. Na realidade na Umbanda, a concepção de Ogã é totalmente diferente do Candomblé e do Omolocô, onde a pessoa é preparada especificamente para esse fim.
A função do tambor é a de ajudar na invocação das Entidades, deve ter toques harmoniosos e diferenciados para cada Linha.
 
MÃO DE FACA: Médium preparado especialmente para efetuar toda e qualquer matança de animais, quando necessário.
MÃO DE OFÁ: É o médium preparado especialmente para fazer a colheita e a guinagem das ervas usadas na Umbanda, para amacís, confirmações, assim como para remédios e banhos.
CAMBONO CHEFE: Ele é responsável pela estrutura dos cuidados as entidades na hora do ritual. E também é ele quem coordena os outros cambonos . orientando-os para melhor fazerem seus trabalhos.
                                            Deixemos bem claro que todas as funções são importantes dentro da organização de um Terreiro e nenhuma é melhor ou pior que a outra, o respeito e a disciplina deve sempre ser elementos básicos da convivência entre todos, deve-se tomar muito cuidado com a vaidade e a inveja, sentimentos que devem ser sempre repudiados por todo e qualquer umbandista.

A gira mediúnica é o auge  de uma reunião umbandista que é dividida em três momentos básicos a saber:

-Abertura, momento que se evocam as forças e entidades espirituais e se invocam as bênçãos, proteções, pedidos e auxílios;
- A gira mediúnica, instante em que os médiuns incorporam as entidades espirituais para atendimento ao público;
-Encerramento, ou seja, o término da reunião, em que se agradece a assistência das forças e entidades espirituais.

Os ritos e liturgias utilizadas nas reuniões do movimento umbandista, variam de terreiro para terreiro, assim, como também, pode se diferenciar a decisão de como se processa a gira mediúnica, que tipos de entidades se fará presente e como deverá se proceder o atendimento ao público.
Isso acontece, por que os terreiros são células religiosas que se adequam a coletividade que os rodeia, oferecendo dentro de um determinado padrão mínimo, os ritos, as liturgias, as manifestações espirituais que mais tem afinidade com os adeptos e o público que freqüenta determinada casa.

A Função da umbanda é isso, atender as necessidades espirituais essenciais do indivíduo, mesmo que este processo se inicie por resolver suas necessidades materiais básicas, permitindo um equilíbrio mínimo da sua existência.
Proporciona-se assim, condições estáveis a alma para realizar vôos  evolutivos mais altos e abrir sua consciência a entendimentos mais profundos e finalmente se religar a Deus.
Através do que já falamos, podemos chegar a conclusão que o atendimento ao público é o objetivo primordial de todas as reuniões de um terreiro.
As pessoas que se encaminham a uma casa espiritual umbandista, possuem expectativas, estão ansiosas para encontrar a solução de seus problemas, desejam sair dali pelo menos reconfortadas, com esperança etc.
O público, portanto, deve ter um tratamento especial por parte dos dirigentes, dos organizadores e do corpo mediúnico da casa.
Tudo deve ser voltado para se fornecer um bom atendimento ao público presente.

Devem ser bem recebidos, encaminhados a um local apropriado para assistirem a reunião, informados de como se processará o andamento da mesma, como deve ser o seu comportamento durante os trabalhos, em qual momento e como devem se dirigir aos médiuns incorporados, se houver necessidade de se retirar antes da gira terminar como fazê-lo, devem também ser indicados a eles os banheiros, aonde beber água etc. É de bom tom, que o dirigente em algum instante na abertura, faça uma pequena e rápida preleção (palestra) trazendo para o público, informações, avisos, ensinamentos e doutrina.

Na gira mediúnica devem incorporar somente os médiuns que já tiverem mais experiência e estejam, como dizemos comumente, mais bem afirmados com suas entidades.


Desenvolvimento mediúnico deve ser uma reunião a parte e fechada ao público.

Após todos os médiuns incorporarem, os cambonos (pessoas que dão assistência as entidades espirituais e ajudam na organização durante a reunião) devem encaminhar o público para o atendimento.O restante do corpo de adeptos, que não estiverem incorporados, devem sustentar a gira dos que estão em trabalhos mediúnicos através dos cânticos, de bons pensamentos e intenções.

É necessário, que se mantenha o bom nível vibratório, para que os trabalhos espirituais aconteçam em segurança e bem equilibrados. Todo o público deve ser atendido, sem exceção.

Uma reunião umbandista é algo bonito de se ver, os cânticos, os tambores e outros instrumentos formando um conjunto harmonioso de sons, a batida das palmas, os fardamentos, as guias coloridas, a decoração do ambiente, as imagens e símbolos do altar e mesmo a forma como se processa os ritos e liturgias enche os olhos e ouvidos de quem vem participar.

Visual e som somam-se a um sem número de detalhes para permitir a harmonização de todos os presentes, mas tudo isso não é um espetáculo, nem uma encenação para agradar o público.


Muitas casas umbandistas se ressentem pela existência de muito pouco ou quase nenhum público.
Geralmente são sempre as mesmas pessoas que se repetem em todas reuniões. Quando tem a casa lotada sempre é por ocasião de festas, comemorações e louvações especiais.

O terreiro já tem lá seus anos de existência, é um local bem decorado, limpo, asseado, de ambiente agradável e bastante arejado e iluminado.

Os adeptos presentes em grande número, com um fardamento impecável, guias coloridas no pescoço e todos os adereços e material de trabalho de suas entidades.

A reunião tem todo um processo organizado, bem estruturado, desde a abertura até o encerramento.

A hierarquia da casa é plenamente identificada, pais e mães pequenas, cambonos, abatazeiros, etc.,
Esta hierarquia, decorre da necessidade de equilibrio entre a liberdade e a autoriedade, que geram a disciplina e as leis que regem essa disciplina e que podem ser mutáveis em função da época, da fase e da estrutura social da comunidade formada pelo terreiro.
Cada terreiro tem sua norma de bem-viver adaptada a expansão do uniforme direcional, fazendo com que a disciplina seja consciente, livre e com base na razão e na compreensão. Toda disciplina aceita  reflete em consequências positivas para todos.
Na umbanda, a hierarquia é direcional não como com detenção de poder mas o objetivo do que foi, é e será.
O passado é a experiência adquirida. O presente é o trabalho, é a luta de cada dia para semear os frutos de amanhã.
O fruto será a colheita do que se plantou no presente, por conseguinte uma boa semelhada, dará uma boa colheita, se o presente estiver atento.
Precisamos, acima de tudo, entender esse estágio evolutivo e organizar cada vez mais a nossa Umbanda, a nossa religião, para que no Plano Astral, ela possa ter uma função muito mais clara, porque, com a consciência, nossas Entidades poderão trabalhar com muito mais satisfação, porque a consciência os levou a um plano de participação cósmica, inserindo-os no equilíbrio universal, no amar o próximo, no dar e receber.
Essa é a Lei do Equilíbrio, a Lei do Processo Evolutivo. Precisamos respeitar os cultos e as formas de direcionar o pensamento ao DEUS.
Não podemos transformar a nossa religião em um  amontoado de lendas e mistificações, de metáforas e metafísica.
A nossa religião é simples,  é a religião da vida, é a religião do DEUS  VIVO em nós.

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