TEMPLO DE UMBANDA CABOCLA MARIANA
POR: Pai Wellington de Oxalá
Sacerdote de Umbanda
Umbanda é uma religião brasileira que
sincretiza vários elementos, inclusive de outras religiões como
o catolicismo, o espiritismo, as religiões
afro-brasileiras e a religiosidade indígena. A palavra umbanda deriva
de m'banda, que significa "Sacerdote" ou "Curandeiro".
Acredita-se também que a palavra Umbanda seja uma derivação da expressão "a
banda de um", em homenagem a seus fundadores: Zélio
Fernandino de Moraes e seu guia espiritual, Caboclo das Sete
Encruzilhadas.
A Umbanda tem origens variadas —
dependendo da vertente que a pratica — Mas na verdade, ela foi criada
em 1908 pelo Médium Zélio Fernandino de Moraes, sob a
influência do Caboclo das Sete Encruzilhadas, porém, antes disso, já
haviam indícios da presença de guias espirituais na história brasileira — por
exemplo: Na época das senzalas, os
negros escravos costumavam incorporar o que hoje chamamos de Pretos-Velhos,
alguns eram antigos escravos que, ao
darem-se incorporados, compartilhavam conselhos e consolo aos atuais
escravos. Assim como religiões ou
simples manifestações religiosas espontâneas cujos rituais envolviam
incorporações e o louvor aos orixás. Entretanto, foi através de Zélio que
organizou-se uma religião com rituais e contornos bem definidos à qual deu-se o
nome de UMBANDA.
Nesta época não havia Liberdade Religiosa.
Todas as religiões que apontavam semelhanças com rituais africanos eram
perseguidas, os terreiros destruídos e os praticantes presos. Entre os inúmeros
episódios desse tipo, destacou-se, por exemplo, o da chamada "Quebra de
Xangô, em Maceió, no estado de Alagoas, a 2 de
fevereiro de 1912. Em uma ação organizada pela Liga dos
Republicanos Combatentes, os mais importantes terreiros
de Xangô foram destruídos na capital alagoana, tendo pais de santo e
religiosos sido espancados e imagens de culto destruídas. A ação teve como um
de seus líderes o ex-governador Fernandes Lima, e visou atingir o então
governador Euclides Malta, conhecido por sua amizade com líderes de
religiões afro-brasileiras.
Zélio Fernandino de Moraes
Entrevista feita com o saudoso
Sr. Zélio Fernandino de Moraes — o Precursor da Umbanda, que foi realizada em
Novembro de 1970
"- Eu estava paralítico,
desenganado pelos médicos. Certo dia para surpresa de minha família, sentei-me
na cama e disse que no dia seguinte estaria curado. Isso foi a 14 de
novembro de 1908. Eu tinha 17 anos. No dia 15, amanheci bom.
Meus pais eram católicos, mas, diante dessa
cura inexplicável, resolveram levar-me à
Federação Espírita de Niterói, cujo presidente era o Sr. José
de Souza. Foi ele mesmo quem me chamou para que
ocupasse um lugar à mesa de trabalhos,
à sua direita. Senti-me deslocado, constrangido,
em meio àqueles senhores. E causei logo
um pequeno tumulto. Sem saber porque em dado momento, eu
disse:
"Falta uma flor nesta mesa;
vou buscá-la". E, apesar da advertência de que não me poderia afastar,
levantei-me, fui ao jardim e voltei com uma flor que coloquei no centro da
mesa. Serenado o ambiente e iniciado os trabalhos, verifiquei que os espíritos
que se apresentavam aos videntes como índios e pretos, eram convidados a se
afastar. Foi então que, impelido por uma força estranha, levantei-me outra vez
e perguntei porque não se podiam manifestar esses
espíritos que, embora de aspecto humilde,
eram trabalhadores.
Estabeleceu-se um debate e um dos
videntes, tomando a palavra, indagou:
- "O irmão é um padre
jesuíta. Por que fala dessa maneira e qual é o seu nome?”.Respondi sem querer:- "Amanhã estarei
em casa deste aparelho, simbolizando a humildade e a igualdade que deve existir
entre todos os irmãos, encarnados e desencarnados. E se querem um nome, que
seja este: sou o Caboclo das Sete Encruzilhadas". Minha família
ficou apavorada.
No dia seguinte, verdadeira
romaria formou-se na Rua Floriano Peixoto, onde eu morava, no número 30.
Parentes, desconhecidos, os tios, que eram sacerdotes católicos e quase todos
os membros da Federação Espírita, naturalmente em busca de uma comprovação. O
Caboclo das Sete Encruzilhadas manifestou-se, dando-nos a primeira sessão de
Umbanda na forma em que, daí para frente, realizaria os seus trabalhos.
Como primeira prova de sua presença, através do passe, curou um paralítico,
entregando a conclusão da cura ao Preto Velho, Pai Antônio, que nesse mesmo dia
se apresentou. Estava criada a primeira Tenda de Umbanda, com o nome de Nossa
Senhora da Piedade, porque assim como a imagem de Maria ampara em seus braços o
Filho, seria o amparo de todos os que a ela recorressem. O Caboclo determinou
que as sessões seriam diárias; das 20
às 22 horas e o atendimento gratuito, obedecendo
ao lema:
"Daí de graça o que de graça
recebestes".
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